quarta-feira, 4 de maio de 2011

Dia 03/05/2011 - A arte do Ator


Arte não pode ser ensinada. Possuir uma arte significa possuir talentos. Isso é algo que se tem ou não se tem. Você pode desenvolvê-lo com muito esforço, mas criar talento é impossível.


 Lembre-se dessa palavra: Concentração. É da maior importância em qualquer arte e particularmente na arte do teatro. A concentração é a qualidade que nos permite dirigir todas as nossas forças intelectuais e espirituais para um objeto definido e continuar a fazê-lo enquanto nos agrade – por vezes, por um espaço de tempo bem maior do que nossa energia física é capaz de suportar.





A certeza de domínio sobre si mesmo, é a qualidade fundamental de todo artista criativo. Você tem que achá-la dentro de si própria e desenvolvê-la ao grau máximo.


 Não tenha pressa. O mais importante é que na arte do teatro faz-se necessário um tipo especial de concentração. 



O piloto tem o sextante, o cientista seu microscópio, o arquiteto seus desenhos – todos eles objetos de concentração e criação visíveis, externos. Eles têm, por assim dizer, um alvo material em cuja direção todas as suas forças são dirigidas. O mesmo acontece com o escultor, o pintor, o músico, o escritor. Mas o caso do ator é muito diferente.


Representar é a vida da alma humana recebendo seu nascimento através da arte. Num teatro criativo o objeto de concentração de um ator é a alma humana.
 Para representar, você precisa saber como concentrar-se em algo materialmente imperceptível – em algo que você só pode perceber penetrando profundamente em seu próprio ser, reconhecendo aquilo que ficaria evidenciado na vida unicamente num momento da maior emoção e do mais violento embate.



Em outras palavras, você necessita de uma concentração espiritual em emoções que não existem, mas são inventadas ou imaginadas.
Não pode existir ator sem alma suficientemente desenvolvida para estar apta a realizar, à primeira ordem da vontade, toda e qualquer ação e mudança estipuladas. 


 Em outros termos, o ator deve dispor de sua alma capaz de viver, de ponta a ponta, qualquer situação exigida pelo autor. Não há grande intérprete sem uma alma assim. Infelizmente ela só é adquirida por meio de longo e duro labor, à custa de muito tempo de experiência, através de séries contínuas de papéis experimentais.

  O trabalho, por tanto, consiste no desenvolvimento das seguintes faculdades: completo domínio de todos os cinco sentidos em várias situações imaginárias, desenvolvimento da memória do sentimento, memória da inspiração ou penetração, memória da imaginação e, por último, memória visual.


O desenvolvimento da fé na imaginação; o desenvolvimento da própria imaginação; o desenvolvimento da ingenuidade; o desenvolvimento da observação; o desenvolvimento da força de vontade; o desenvolvimento da capacidade de infundir variedade à expressão emotiva; o desenvolvimento do senso de humor e do senso trágico. 


Só resta uma coisa que não pode ser desenvolvida, mas que deve estar presente. É talento.


  O teatro é um grande mistério, um mistério no qual se acham maravilhosamente unidos os dois fenômenos eternos, o sonho da perfeição e o sonho eterno. Somente a um teatro assim vale a pena a gente dar a vida.

Um comentário:

  1. Agora vou um pouco mais além, traduzindo Shakespeare, não que seja tradutor, só leitor e adimirado nada mais. Faço agora nós compararmos em uma de suas citações enquanto mestre.

    No mundo sou como uma gota d'água,
    que no oceano proucura por outra gota.
    Em lá caindo invisivel e curiosa, confunde-se consigo mesma.
    E eu que para encontrar a mim mesmo infeliz perco-me de mim.

    Assim são os "atores", atores!
    E não pessoas que brincão de fazer arte.
    Assim somos nois, que para encontrar cada persona, felizmente temos que nos perdermos de nois.
    Mais sem esquecer do passaro que bica e o outro que vê.
    Olha o que João falou.
    Sei que as vezes os HDs da falha mais é só da uma batidinha que volta.

    Danillo de Sousa

    ResponderExcluir